Conferência com Lucas Andrés Quintero Velásquez (Universidade de Medellín)
O que são cidades inteligentes? O convidado de hoje nos ajuda a desmistificar este conceito. Venha conferir as perspectivas do parceiro colombiano Lucas Andrés Quintero Velásquez, professor colaborador na Universidade de Medellín e advogado atuante em causas ambientais.
O QUE PENSA O ESPECIALISTA
André Fortes Chaves
9/26/20252 min ler


Lucas, obrigado por concordar em fazer parte desta série de entrevistas com especialistas em temas emergentes. Sua bagagem acadêmica e prática com certeza nos ajudará a entender melhor alguns conceitos correlatos. Assim, vamos às perguntas:
Como você entende o conceito de "cidade inteligente" no contexto latino-americano e como ele se diferencia de outros modelos internacionais?
Entendo por cidade inteligente um espaço livre de desigualdade, livre de pobreza, com segurança e soberania alimentar, onde se garanta para todas as pessoas o acesso a serviços públicos, educação e segurança. Para mim, acredito que se diferencia de outros modelos internacionais a partir da desigualdade e, além disso, da vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Qual o papel da legislação e da regulamentação no desenvolvimento de cidades inteligentes e sustentáveis?
Para mim, o direito desempenha um papel muito importante, pois é a partir dele que devem surgir os limites e os alcances, sobretudo levando em conta a vulnerabilidade e a adaptação às mudanças climáticas dos territórios (porque será diferente para cada um).
Quais são os principais obstáculos que as cidades colombianas enfrentam para avançar em direção a um modelo mais sustentável e inclusivo?
Para mim, o principal obstáculo das cidades colombianas para avançar em direção a um modelo mais sustentável e inclusivo é a falta de vontade política, somada à grande desigualdade que existe nos bairros das grandes cidades, ou entre as próprias cidades ou departamentos (Chocó vs Antioquia, por exemplo).
Como a digitalização e as novas tecnologias podem melhorar a gestão urbana e a qualidade de vida dos cidadãos?
Para mim, antes da digitalização e das novas tecnologias, é garantir o acesso mínimo à internet e fazer com que as comunidades aprendam a utilizá-la. Mas antes da internet ou das novas tecnologias, primeiro é garantir os serviços básicos essenciais (muitas cidades da Colômbia não têm acesso à água potável, saneamento básico – como se vê no documentário Atrato Envenenado).
Como podemos garantir que a construção de cidades inteligentes não se limite a decisões técnicas, mas incorpore a voz dos cidadãos?
Dar capacidade de decisão às comunidades (voz e voto), porque os projetos não podem ser impostos. Além disso, que essas decisões técnicas sejam registradas e socializadas em uma linguagem que a comunidade possa entender para, posteriormente, repassar a outras pessoas.
Quais estratégias você considera essenciais para garantir que a transição para cidades inteligentes não aprofunde as desigualdades sociais?
Garantir, em primeira medida, o acesso básico aos serviços públicos essenciais.
Há exemplos na Colômbia ou na região que possam servir de referência para outros países nessa agenda?
No meu conceito, sempre se menciona Medellín como cidade modelo, no entanto, nunca se fala da desigualdade que existe na cidade. De como o turismo excede a capacidade de certas atrações turísticas.
Como você imagina as cidades latino-americanas daqui a 20 anos, caso o conceito de cidades inteligentes e sustentáveis seja implementado com sucesso?
Imagino as cidades latino-americanas resilientes e adaptadas às mudanças climáticas.

