Conferência com Claas Bracklo (BMW/CharIn)

Nesta breve conversa temos o prazer de ouvir um ator-chave do ecossistema alemão de mobilidade. O senhor Claas Braklo, Presidente do Conselho da CharIn e Diretor de Relações Governamenais da BMW (Berlin) compartilha conosco suas perspectivas sobre um padrão global de recarga para veículos eletrificados, aspectos digitais da infraestrutura de recarga, veículos inteligentes e outros aspectos interessantes da mobilidade do futuro.

O QUE PENSA O ESPECIALISTA

André Fortes Chaves

10/10/20254 min ler

Caro Claas Blacko, antes de mais nada, muito obrigado por concordar em participar desta série de entrevistas com especialistas e líderes em transição energética, nova mobilidade e economia digital. Certamente temos muito a aprender com você, especialmente considerando sua notável liderança na área de mobilidade. Então, vamos às perguntas.

A CharIn desempenha um papel central na construção de um padrão global de recarga. Por que ter um padrão comum é tão crítico para a transição energética?

Os padrões se preocupam com qualidade, escalabilidade, segurança e proteção. Oferecem confiança ao cliente em novas tecnologias, possibilitam uma concorrência justa no mercado e promovem soluções competitivas. Apoiam a garantia de investimentos em infraestrutura com soluções à prova de futuro. Apoiam o cliente a investir em um veículo sempre recarregável em qualquer posto de recarga.

A infraestrutura de recarga não se trata apenas de plugs, mas também de sistemas digitais e dados. Como você vê a conexão entre a eletromobilidade e a economia digital?

A economia digital é a espinha dorsal do carregamento. Ela se baseia em padrões de comunicação e permite o acesso a diferentes redes de recarga e diferentes operadores de pontos de carregamento com um único contrato. O pagamento integrado com o Plug&Charge, marca registrada da CharIN, como parte do CCS, facilita o uso para o cliente, aumentando a aceitação e dispensando a interação física com o pagamento.

Veículos inteligentes são frequentemente descritos como "computadores sobre rodas". Na sua perspectiva, como a conectividade mudará a maneira como pensamos a mobilidade?

A recarga já é inteligente, pois oferece suporte a dados de mapas, orientação de rotas, condicionamento de bateria, faturamento automatizado, indicação de desempenho, previsões de disponibilidade, informações de preço e muito mais. Recargas/descargas flexíveis, em conjunto com a energia renovável disponível, ajudam a otimizar a conta de energia.

Muitos governos falam sobre a descarbonização do transporte. Que tipo de políticas públicas realmente fazem a diferença para empresas como a BMW?

A BMW apoia todas as políticas públicas em todo o mundo com um amplo portfólio de diferentes sistemas de propulsão. As políticas de emissão zero são cobertas pela disponibilidade de veículos elétricos a bateria (BEVs) em todos os segmentos de clientes.

Quando você pensa na América Latina, qual seria o passo mais importante para garantir que a transição para a mobilidade seja não apenas rápida, mas também inclusiva?

O passo mais importante é o alinhamento em torno de um padrão comum de carregamento para permitir viagens entre países. As regulamentações nacionais devem ser alinhadas (como a UE fez em 2014). Definindo uma tecnologia de carregamento (CCS, como a mais avançada, com interface única, CC de alta potência e carregamento CA trifásico) como obrigatória para cada carregador.

A palavra "interoperabilidade" soa muito técnica, mas é fundamental para os usuários. Como você explicaria sua importância em termos simples?

Interoperabilidade significa que cada veículo pode ser recarregado a qualquer carga, independentemente do fornecedor, marca, operador, localização e país, com a mais alta qualidade e o melhor serviço.

Olhando para o futuro, qual o papel que você vê para inovações como a conexão veículo-rede (V2G) ou a integração com energia renovável na mobilidade cotidiana?

As inovações são o principal facilitador para a absorção do mercado e a aceitação do cliente. O V2G ajuda especialmente a otimizar o uso de energia renovável, ajuda a reduzir os custos de mobilidade por meio de sistemas inteligentes de gerenciamento de energia e garante a resiliência energética. A visão: Sem custos de energia para a mobilidade e sempre com energia de emergência no local do carro.

Na sua perspectiva, qual seria um bom conselho para o ecossistema latino-americano que ainda está em estágios iniciais de eletrificação, seja em termos de mercado ou de política?

Definir e alinhar as regulamentações nacionais com relação à tecnologia de interface de recarga e estabelecer metas de infraestrutura. Uma abordagem de "livre mercado" não funciona, visto que atualmente muitas soluções diferentes com impacto nacional, até mesmo soluções proprietárias específicas de OEMs, são promovidas (pelo menos oito soluções diferentes, até onde sei). Consulte o Position Paper da CharIN.

Por fim, se você pudesse compartilhar um conselho com os países que desejam avançar diretamente para a mobilidade inteligente e sustentável, qual seria?

Definir um ecossistema de carregamento mais avançado e maduro como obrigatório (CCS), estabelecendo metas de infraestrutura para atender às necessidades do cliente, oferecer preços baixos de energia elétrica e apoiar o uso de energia renovável.

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Há algo mais que não abordamos nesta conversa e que você gostaria de abordar?

Não deixe a decisão sobre a interface de carregamento para os OEMs; tudo se resume a infraestrutura e livre concorrência no mercado. Não acredite muito em padrões, pois os interesses nacionais estão forçando cada vez mais opções nacionais na estrutura de padrões. O único padrão global sem um grupo de interesses específico é o CCS.