Conferência com Vitor Padoim (Grob)

A "conferência com o especialista" é uma série que visa colher a voz das pessoas por trás de instituições que tracionam a transição energética e a indústria 4.0. Nesta primeira edição vamos falar com Vitor Padoim da Grob, uma empresa de manufatura que atende a importantes players do ecossistema da mobilidade em seus diversos modais.

O QUE PENSA O ESPECIALISTA

André Fortes Chaves

2/16/20245 min ler

Vitor, primeiramente, obrigado por aceitar o convite para ser o primeiro entrevistado para esse periódico de conversas com especialistas do ecossistema da transição energética e da mobilidade. Tenho certeza de que será um diálogo interessante e enriquecedor.
A Grob é uma empresa de manufatura de origem alemã que teve sua primeira fábrica no exterior instalada no Brasil, mais especificamente em São Paulo. Hoje é líder de mercado em engenharia mecânica. Você poderia contar um pouco sobre as visões e valores que permitiram esta robusta jornada?

A GROB sempre teve presença muito forte como parceiro da indústria, com grande foco no setor automotivo. Há quase 100 anos a GROB fornece soluções de manufatura para componentes metais-mecânicos, no mercado da mobilidade, por exemplo, desde peças do chassi e freio, passando pela estrutura dos veículos e o seu powertrain. Com as mudanças globais de transição energética e da mobilidade sustentável, os veículos híbridos e elétricos se apresentam como um dos principais desafios de transição para a indústria automotiva. Isso significa que os fabricantes tiveram que desenvolver novos conceitos, novos compontentes e, consequentemente, novos sistemas de produção. A GROB enxergou esta tendência no momento certo e há mais de 10 anos vêm se preparando para estas novas demandas, expandido o seu portfolio de produtos para fornecer sistemas de manufatura do powertrain eletrificado: motores elétricos, baterias e células de combustível. Os pilares do Grupo GROB – qualidade, inovação e eficiência – rapidamente fizeram a empresa se destacar neste novo segmento e manter sua posição global como líder no fornecimento de sistemas de manufatura para a indústria automobilística. Para determinados produtos, o market share global do Grupo ultrapassa os 70%, um marco fascinante e que comprova o quanto os equipamentos desenvolvidos pela empresa se destacam nos diversos mercados globais.

Em termos de inovação, quais foram as medidas que serviram como base para projetar a empresa para a liderança de mercado?

Tradição e qualidade são essenciais nessa jornada. A experiência adquirida nas últimas décadas como parceiro da indústria traz para empresa uma robustez e bagagem técnica para inovação. Na hora de projetar novas máquinas e sistemas de produção é importante conhecer os requisitos da indústria, as principais necessidades, dores e dificuldades, para que a transição de uma tecnologia de produção existente para uma novidade seja o mais tranquila possível. Com isso, a GROB consegue oferecer equipamentos que tragam o estado da arte em termos de tecnologia, flexibilidade e produtividade.

Atualmente, quais poderiam ser considerados os carros-chefes da Grob em termos de produtos e serviços? Quais modais e categorias de transporte e logística se beneficiam destes?

A GROB destaca-se por ser um fornecedor de soluções completas do tipo turnkey ou “chave-na-mão”. Para o mercado da mobilidade, fornecemos sistemas de manufatura de alto desempenho para os principais componentes dos veículos elétricos ou híbridos: motor elétrico, bateria e célula de combustível. Além disso, também somos líderes tecnológicos na fabricação de centros de usinagem e soluções de digitalização para diversas indústrias: aeroespacial, engenharia médica, fabricação de moldes e matrizes, máquinas agrícolas, entre outros. No Brasil a GROB possui uma estrutura completa de engenharia, fabricação, comissionamento e assistência técnica, o que apresenta-se como um diferencial competitivo para a indústria brasileira. Os players da indústria automobilística, sejam as montadoras ou seus fornecedores, que estejam planejando a entrada no mercado da mobilidade elétrica e sustentável encontram na GROB um parceiro completo com expertise global e suporte local. Nenhum outro fabricante de máquinas ofereçe este diferencial na América do Sul.

Como a empresa tem acompanhado a pauta da transição energética e que esforços e medidas têm sido empreendidos para aderir em termos de práticas internas e externas?

A GROB tem um forte compromisso com a sustentabilidade não só no Brasil como no mundo. Desde a operação com certificações oficiais como a ISO 14001, passando por iniciativas que vão de encontro com a pauta de ESG e metas de alcançe do “carbono zero” fazem parte das decisões estratégicas tomadas pelo Grupo. Isso garante que as máquinas e equipamentos produzidos pela GROB estejam trazendo o menor impacto possível ao meio ambiente. E do ponto de vista do mercado, nossa intensa presença como parceiro estratégico com fabricantes de veículos elétricos faz com que a GROB esteja colaborando ativamente com a transição energética global.

Quais os três maiores desafios e oportunidades você destacaria em termos de transição para a indústria 4.0?

Hoje em dia muito é discutido sobre a indústria 4.0, mas entendo que é necessário que as empresas tenham algumas condições básicas bem estabelecidas antes de buscar qualquer solução ou realizar qualquer investimento “mirabolante”. O primeiro grande fator de importância é ter objetivos claros e muito bem definidos – o que estou buscando obter com aplicações relacionadas à indústria 4.0? Meu processo de produção está otimizado a ponto de que possa ser iniciado um processo de digitalização? Estas perguntas devem ser respondidas de maneira objetiva e direta pra que haja uma base para as próximas decisões. Sabendo onde queremos chegar, um segundo ponto de atenção é a conectividade – muitas empresas ainda têm dificuldade neste que é um dos primeiros passos na direção de uma indústria 4.0: garantir que os equipamentos da fábrica estejam conectados e consigam fornecer informações básicas de produção. Por fim, a interface das máquinas com sistemas supervisórios deve ser construída e gerida com atenção. Para isso, normalmente as empresas buscam parceiros confiáveis e que tenham experiência comprovada na implementação deste tipo de projetos. Isso é importante para garantir segurança e confiabilidade em um processo de digitalização industrial.

Qual o seu atual papel na Grob e como ele se relaciona com a mobilidade sustentável e com a indústria 4.0?

Após mais de 15 anos atuando na GROB, não só no Brasil como também na Alemanha, hoje tenho como principal objetivo apresentar as novas tecnologias da empresa à indústria brasileira. Seja em sistemas de usinagem, de digitalização ou de montagem, hoje a GROB apresenta um portfolio completo e robusto de soluções de manufatura. No caso da mobilidade sustentável apresentamos aos diversos players do setor de mobilidade – fabricantes, fornecedores e toda a cadeia produtiva – as soluções que podem ajudá-los a serem mais competitivos em suas produções. No caso da indústria 4.0 ajudamos a indústria a compreender como aplicar os inúmeros conceitos e soluções de digitalização na sua realidade fabril. Sejam empresas de pequeno, médio ou grande porte, todos encontram na GROB um parceiro para tornar as suas fábricas mais produtivas.