Conferência com o Rune Holm (H Nordic AB)
Nesta conferência com Rune Holm levantamos questões sobre a experiência e perspectiva suecas sobre a transição energética e aprendemos mais sobre a importância da energia baseada em resíduos para o País. Também são abordados o intuito da diversificação das fontes de energia, os desafios atinentes a unicidade do sistema de energia no contexto europeu, bem como os benefícios da eletrificação de frotas, como no caso do corredor real verde de Estocolomo.
O QUE PENSA O ESPECIALISTA
André Fortes Chaves
2/19/20254 min ler


O Sr. Holm é um consultor sueco que vem trabalhando com sustentabilidade, edifícios, barcos, navios nas últimas duas décadas. Trabalha com novas soluções no sentido de implementar e viabilizar novas perspectivas. Quando dá suporte a pessoas e empresas, sempre trabalha em passos. O primeiro deles é redução de custos, antes que seja implementado algo que possa retomar esses custos. “Sempre corte um 1kW antes de produzir um 1kW”.
Como a geografia e o clima únicos da Suécia influenciam sua abordagem à energia sustentável e à eletromobilidade?
Nós temos muita energia hidroelétrica. Mas ao longo dos últimos anos se tem investido muito em turbinas eólicas, tanto onshohre quanto offshore. Mas o mais impressionante são os parques de energia baseados em resíduos, reduzindo desperdícios e provendo energia para calor, mas também produzindo energia elétrica com lixo que é coletado. Isso induz forças para mais sustentabilidade e mais inovação nessa área, reduzindo a pegada de carbono.
Você pode falar sobre algum projeto ou iniciativa específica na Suécia que destaque o comprometimento do país com a sustentabilidade?
Mais uma vez o círculo completo da energia baseados em resíduos, que retorna para as casas na forma de aquecimento. E um outro projeto que eu mencionaria seria o Corredor Real Verde de Estocolmo. Estão construindo corredores verdes otimizando a energia baseados em resíduos e fazendo as pessoas pegarem ônibus elétricos ou bicicletas no lugar de seus veículos particulares. Eles estão tornando mais fácil usar o transporte elétrico público ou e a micromobilidade do que o automóvel privado.
Que iniciativas inovadoras de sustentabilidade você viu na Suécia que poderiam servir de modelo para outros países?
Mais uma vez o a energia a partir de resíduos seria o melhor exemplo. Na Suécia quase 70% da energia produzida vai para aquecimento e é por isso que a energia a partir de resíduos para aquecimento é um exemplo tão bom. E isso pode ser utilizado em qualquer lugar do mundo. Se você pegar os resíduos e queimá-lo para gerar energia. Se não for para aquecimento, pode ser para energia elétrica.
Quais são os principais benefícios e desafios de implementar ônibus elétricos em cidades pequenas como aquela em que você trabalhou?
Os benefícios são a redução de gases de efeito estufa e a de poluição sonora, pois os ônibus operam inclusive de noite. E os ônibus elétricos são completamente silenciosos se comparados a ônibus a diesel ou a gás. Então, não há barulho, não há fumaça, seja de manhã ou de noite. Os desafios são ter energia e infraestrutura suficiente para todos os ônibus. É melhor reduzir a capacidade da bateria e ter mais recargas do que ter uma bateria mais potente e recarregar uma única vez. Isso consome tempo e mão de obra. É mais eficiente ter uma breve recarga aqui outra ali. Aliás, é melhor para a bateria se você a mantiver entre 40% e 90% na maior parte do tempo do que se você consumir até os 10%e depois carregar até 100% para dirigir. Aqui também tem o fator climático. Podemos chegar a -15ºC, demandando cuidados extras na condução do ônibus durante o inverno.
De que maneiras a cooperação internacional pode melhorar a transição energética da Suécia?
É sempre importante colaborar. Nós temos muita energia eólica, mas pouca solar, por exemplo. E o que está surgindo são os reforços de baterias e a energia a hidrogênio. Muitos países estão muito a frente da Suécia em termos de produção de hidrogênio. Então, a colaboração com um país que tenha maior prática com reforço de baterias e hidrogênio é estratégica para a Suécia. Isso porque se não temos energia solar nem eólica em produção, o preço da energia salta muito. Então é importante ter um reforço.
Quais são os maiores desafios que a Suécia enfrenta para atingir sua meta de zero emissões líquidas?
O Sistema de back-up é o maior desafio. Agora a Suécia tem energia hidráulica, uma pequena planta nuclear, solar, eólica, mas não há um sistema forte de back-up. A hidráulica é um back-up, mas não é suficiente, porque toda a Europa agora é um único sistema agora. Então, se Alemanha está com uma escassez de energia eólica, isso vai afetar o preço na Suécia. É um trabalho que precisamos fazer coletivamente na Europa, evoluir no que se refere a back-ups e armazenamento.
Qual papel você vê para fontes de energia renováveis, como eólica e solar, na futura matriz energética da Suécia?
A Suécia está buscando diversificar as fontes de energia e torná-las mais locais. Buscamos incluir mais produtores menores, como casas com painéis solares. Pode sobrecarregar o sistemas se trabalharmos apenas com as grandes turbinas eólicas e parques solares, por exemplo. É melhor termos pequenos produtores e eventualmente contar com o grid. Precisamos que as pessoas tenham suas fontes de energia para recarregar seus veículos elétricos. A eletromobilidade é o futuro, definitivamente. Se você usa etanol ou outra propulsão de combustão interna, você ainda tem os componentes móveis, que demandam óleo e manutenção, o que não é necessário nos elétricos.