Conferência com Nina Benoit (Brightest)

Nina, a Brightest é uma empresa americana, com filial na Holanda, que desenvolveu um software para monitorar recursos particularmente relevantes em vista da agenda de sustentabilidade e ESG. Entre os itens que podem ser rastreados com o software estão contabilidade de carbono e redução de emissões, responsabilidade social corporativa (CSR), relatórios de sustentabilidade, divulgações de ESG e outros. A plataforma pode ser usada tanto pelo setor privado quanto pelo público.

Na sua perspectiva, quais são as principais vantagens para as instituições adotarem esse tipo de técnica de monitoramento?

Essa é uma ótima pergunta. Sempre que uma empresa busca melhorar seu desempenho ESG, o primeiro passo é medir seu impacto. Se uma empresa busca se tornar neutra em carbono, por exemplo, ela precisa primeiro medir quantas emissões de CO2 ela emite antes de tomar qualquer outra ação. Uma vez feito isso, ela pode então identificar o que está fazendo a empresa emitir essas emissões de CO2 e onde é possível implementar medidas para reduzir esse impacto. O mesmo vale para qualquer outra métrica ESG, como desperdício, igualdade salarial ou diversidade. Você precisa dos dados para poder melhorar seu impacto. É por isso que eu acho que usar um software inteligente como o Brightest é tão importante para coletar esses dados e ser capaz de tomar as decisões certas para melhorar seu impacto.

Como sabemos, como uma fonte expressiva de Gases de Efeito Estufa, a descarbonização do setor de transporte é uma transição crucial para o Net Zero. Em vista disso, você poderia ilustrar como o software poderia ser aplicado e dar suporte a empresas específicas que estão dispostas a eletrificar suas frotas?

No caso de uma empresa com uma grande frota de carros, começaríamos adicionando todos os veículos que ela possui como ativos na plataforma e mediríamos a quantidade de combustível que foi usada no ano anterior. Isso provavelmente representaria uma grande parcela de suas emissões de Escopo 1, que são emissões diretas vinculadas a instalações ou veículos próprios. Poderíamos então fazer um segundo cálculo alterando todos os veículos, ou uma porcentagem menor com base em seu orçamento, para veículos elétricos para demonstrar a redução nas emissões de CO2 provenientes de combustível fóssil. O resultado mais provável seria uma redução acentuada em suas emissões de escopo 1, que seriam representadas em nosso painel de emissões de CO2.

Em termos técnicos, quais você poderia apontar como os principais desafios para rastrear as atividades das instituições e integrá-las a uma plataforma interativa, intuitiva e de fácil utilização?

Um desafio que a empresa pode enfrentar é conseguir coletar dados primários para seus cálculos. Infelizmente, a sustentabilidade nem sempre é uma prioridade, o que significa que alguns gerentes de sustentabilidade podem estar lutando para obter dados. Se esses dados não existem ou não podem ser coletados, fica muito difícil criar conclusões significativas sobre o que uma empresa deve fazer a seguir para melhorar seu desempenho.

Pelo que pude aprender sobre essa solução, a plataforma também pode gerar relatórios de conformidade de sustentabilidade. Entendo que essa saída pode ser muito benéfica para agências reguladoras monitorarem empresas que a adotam. Até que ponto esse tipo de relatório já é obrigatório em diferentes jurisdições? Você acha que será uma tendência mais ampla no longo prazo?

De fato, a Brightest é capaz de criar relatórios de conformidade de sustentabilidade com o uso de IA. Já existem regulamentações extensas no campo que estão remodelando a maneira como as empresas fazem negócios muito rapidamente este ano. Uma regulamentação importante é chamada de CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) e agora força milhares de empresas na Europa a criar um relatório de sustentabilidade que seja auditado e divulgue seu desempenho ambiental e social. Este é um grande marco para a sustentabilidade. Muitas mudanças também estão chegando em outros países, como o Brasil, por exemplo, que também terá relatórios de sustentabilidade obrigatórios a partir de 2026. Acredito que esse fenômeno continuará se acelerando à medida que o mundo está ganhando consciência sobre esse problema e as pessoas estão pressionando os governos a agirem.

Além dos reguladores, quem mais você acha que poderia se beneficiar de relatórios bem estruturados como esse? Eles geralmente são acessíveis a clientes e investidores?

Como você disse corretamente, os investidores definitivamente se beneficiam de relatórios de sustentabilidade, pois isso está se tornando uma métrica-chave agora. Muitos bancos de investimento agora têm critérios específicos para o tipo de empresa em que investem e alguns deles só investem em empresas que têm um impacto positivo no meio ambiente. Mas é claro que esses investidores querem ver dados que provem que você melhorou seu desempenho e que você é um candidato certo para tal investimento.

A Brightest fornece algum tipo de treinamento para que os colaboradores de seus clientes possam otimizar o uso do software? E quanto à assistência externa?

A Brightest fornece treinamento para os principais usuários da plataforma para que qualquer pessoa que a use com frequência possa aproveitá-la ao máximo. Também temos um guia online e uma ótima equipe de sucesso do cliente disponível para ajudar nossos clientes a usar nosso software a qualquer momento.

Posso ver que você tem uma formação muito consistente na área de sustentabilidade. O que o torna tão apaixonada por isso? Quais você acha que são os principais desafios para conciliar sustentabilidade e desenvolvimento?

Sou realmente muito apaixonada por sustentabilidade e, para ser honesta, não consigo me imaginar trabalhando em nenhuma outra área. Eu diria que essa paixão realmente cresceu com o tempo, à medida que aprendi mais sobre o assunto enquanto estudava e, mais tarde, comecei a trabalhar na área. Sustentabilidade é uma área que pode criar muita frustração, pois você verá muitas coisas acontecendo que realmente não deveriam. Isso pode variar de empresas ignorando a crise climática e priorizando o lucro a governos que não fazem o suficiente e ainda ouvem lobistas. Acredito, no entanto, que há uma maneira de combinar os dois mundos e fazer escolhas de sustentáveis que sejam boas para os negócios. A única maneira é aumentar a conscientização, treinar pessoas, conectar-se com outros profissionais e militar, e começar a trabalhar!